terça-feira, 24 de novembro de 2009

Reality shows, a verdade sobre eles. (Parte 6)



Vivemos hoje a alienação decorrente de um sistema econômico que incita ao consumo constante de objetos cada vez mais descartáveis, estabelece relações rápidas e descontínuas, e torna-se "embotadora da cognição, da simples observação do mundo, do conhecimento do outro" (Bosi, 2003, p.24).

Reality show é um tipo de programa televisivo baseado na vida real. Podemos então falar de reality show sempre que os acontecimentos nele retratados sejam fruto da realidade e os visados da história sejam pessoas reais e não personagens de um enredo ficcional.
    Desde os primórdios da civilização, o ser humano mostra necessidade de representar cenicamente seus dramas pessoais e vicissitudes existenciais. O "reality show" é uma das versões pós-modernas da encenação da vida humana. Por meio da sedução do espectador, mobilizam-se aspectos primitivos de seu psiquismo, fazendo com que ele se sinta narcisicamente poderoso e onipotente e se acredite dono do destino dos participantes do programa.
    É curioso observar que cada integrante que deixa o programa provoca tristeza nos concorrentes que ficam e alegria na torcida uniformizada que os espera do lado de fora. O "non sense" da situação é patente: quem está ganhando chora e quem perde comemora - uma clara inversão de valores que desloca afetos, turva consciências e banaliza a experiência humana. O herói perdedor sai triunfante, com ares de celebridade, é entrevistado pelo apresentador e conversa com os telespectadores via internet, com o intuito de relatar sua grande aventura. É lamentável que essa espécie de Dom Quixote pós-moderno não traga consigo qualquer indagação ou pensamento profundo e, ao contrário do original, nada busque a não ser o exibicionismo e a fama.
    Por outro lado, assistir a tais programas confere-nos a ilusão de que estamos vendo a vida real, tal qual a vivemos. Como vimos anteriormente, toda a técnica está a serviço de tornar o programa o mais real possível.
    Segundo Baudrillard (2001), o Big Brother é uma farsa integral, uma imagem reflexa de sua própria realidade. Para o autor, a audiência é grande graças à debilidade e nulidade do espetáculo: ou as pessoas assistem porque ali se reconhecem e/ou assistem para se sentirem menos idiotas que os protagonistas.
    Como disse Novaes (1996), somos atraídos pelo fútil, pela curiosidade ávida de sensacionalismo e pela excitação banal, deixando de lado nossa potência de pensar e agir. Os "reality shows" nos proporcionam tudo isso, adormecendo nossa capacidade crítica já tão abalada pela alienação de nossas consciências.
    Os brinquedos ganharam vida pela magia sedutora das câmeras escondidas do Big Brother. Além de todos os artefatos tecnológicos, desejamos agora brincar com "gente de verdade".


No Brasil
    No Brasil, os reality shows surgiram com "No Limite", em 2001, que é uma versão brasileira do "Survivor". Naquele mesmo ano o SBT apresentou a "Casa dos Artistas", que contou com grande audiência.
    No entanto, foram os reality shows como Big Brother Brasil e Ídolos que caíram no gosto dos brasileiros. Em especial o primeiro, que teve sua primeira edição em 2002 (neste primeiro ano foram realizadas duas edições) e, desde então, conta com uma edição por ano. Este ano o Big Brother Brasil está na sua oitava temporada. O programa Ídolos já contou com duas temporadas, em 2006 e 2007.
    Outro reality show de destaque por aqui é "O Aprendiz", que foi apresentado pelo empresário Roberto Justus. "O Aprendiz" é baseado no formato do norte-americano "The Apprentice", apresentado por Donald Trump.
    E agora temos o reality show A Fazenda que iniciou sua 2ª temporada há poucos dias atrás, se mesmo depois de tudo o que dissemos você quiser assistir, vá em frente, quem está perdendo tempo é VOCÊ.

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