segunda-feira, 23 de novembro de 2009

Reality shows, a verdade sobre eles. (Parte 5)



Estrutura dos reality shows
    Até que ponto se pode considerar um reality show como real? Embora isso certamente varie de programa para programa, considerem o seguinte: todos os conceitos foram criados por alguém (em geral o produtor), as pessoas que participam são selecionadas ou contratadas de alguma maneira e, embora as imagens possam ser reais, são em geral sujeitas a extremos de edição. Por exemplo, na primeira temporada de "The Real World", da MTV, as gravações duraram mais de três meses, teoricamente com as câmeras em ação 24 horas por dia. Isso representaria mais de 2.160 horas de imagens. Mas apenas 13 episódios de meia hora foram ao ar (tecnicamente, cada episódio tinha 22 minutos, mais os comerciais), ou o equivalente a seis horas e meia.
    Em 2001, na primeira temporada de "Survivor", a participante Stacey Stillman abriu processo contra o produtor Mark Burnett e a rede de TV CBS, alegando que o produtor havia convencido dois outros participantes a votar para tirá-la da ilha. Stillman afirmou que Burnett queria manter na ilha Rudy Boesch, um participante de 72 anos, para continuar atraindo telespectadores mais velhos.
    Alguns participantes de programas como "The Apprentice", "The Bachelor" e "Joe Millionaire" alegam que suas ações foram mostradas fora de contexto e apresentadas de maneiras enganosas.
    Os reality shows normalmente não têm roteiros, mas muitas vezes há um roteiro técnico ou um delineamento que detalha aspectos de um episódio ou parte do programa. Por exemplo, em programas como "The Real World" ou "Big Brother", que se passam em áreas confinadas, o roteiro técnico indica que salas ou câmeras operarão. Em programas como "Survivor" ou "The Amazing Race", o roteiro pode definir um desafio específico. O roteiro técnico também pode promover conflito entre alguns dos participantes (ao colocar pessoas específicas como colegas de quarto ou parceiros, a exemplo do que já aconteceu em "The Real World" e "Beauty and the Geek"). Em casos extremos, um roteiro técnico pode incluir um storyboard - uma representação visual do conceito que ilustra fisicamente aquilo que acontece em uma cena.
    Em última análise, produtores e editores de reality shows têm enorme controle sobre o que acontece nos programas, nem que seja pelo fato de que foram eles que selecionaram aquelas pessoas, e são eles que selecionam que imagens vão ao ar. Também podem usar um recurso conhecido como frankenbiting (edição Frankenstein) para montar uma conversa, usando trechos de diálogo editados para criar um diálogo ou situação que não ocorreram de fato. O uso de técnicas como o frankenbiting - e de um editor esperto - pode criar alianças, paixões, brigas e relacionamentos. Imagens registradas a dias de distância podem ser mostradas como se constituíssem uma única cena ou situação.
    Outra coisa que separa os reality shows dos programas roteirizados é o uso de atores. Os reality shows são teoricamente povoados por pessoas comuns - um sujeito qualquer, um nerd, a menina da casa ao lado - e não por atores. Mas depois das temporadas iniciais de "The Real World", "Survivor", "The Bachelor" e "American Idol", se tornou rapidamente evidente que muitos dos candidatos a esses programas eram atores desempregados ou aspirantes a atores ansiosos por algum tempo diante das câmeras. No entanto, desde que o resultado seja divertido, ninguém parece estar se queixando - as pessoas continuam querendo mais.

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